O papel da enfermagem no controle de infecção hospitalar é muito grande. Por isso, esses profissionais devem ser conscientizados sobre medidas que devem adotar no dia a dia, a fim de evitar casos de contaminação.
A infecção hospitalar é adquirida quando um paciente, acompanhante ou profissional da saúde, adquire uma infecção dentro do ambiente hospitalar.
Importante ressaltar que, a manifestação da infecção pode ocorrer ainda enquanto o paciente estiver internado ou após a alta.
Os maiores casos de infecção ocorrem em pacientes que estão em unidades de terapia intensiva (UTI), pois estão em estado de saúde mais frágil e estão mais suscetíveis a procedimentos invasivos.
Pensando na importância desse assunto, preparamos esse artigo para abordar qual o papel dos enfermeiros no controle da infecção relacionada à assistência em saúde (IRAS) e quais medidas os hospitais devem adotar para evitá-las.
Continue acompanhando para saber mais!
O que é Infecção Relacionada à Assistência à Saúde – IRAS?
A infecção relacionada à assistência em saúde (IRAS), diz respeito às contaminações que ocorrem nos hospitais e que estejam relacionadas aos procedimentos feitos no ambulatório médico.
Assim, a IRAS é definida como qualquer infecção adquirida pelo paciente enquanto ele estiver internado no hospital, sendo que os sintomas podem se manifestar ainda durante a internação ou após a alta.
Sabe-se que pacientes dentro de um ambiente hospitalar adquirem infecções com bastante frequência, já que é um local com muitos doentes e infectados.
As causas mais comuns para essa problemática são:
- Desequilíbrio da flora bacteriana;
- Queda no sistema de defesa;
- Realização de procedimentos invasivos (passagem de cateter ou sonda, biopsia, endoscopia, entre outros).
Boas Práticas no Controle de Infecção Hospitalar
O controle de infecção hospitalar teve início por volta de 1935, quando houve um aumento nos casos de pacientes com infecção.
Assim, os hospitais sentiram a necessidade de desenvolver medidas para controlar as infecções e promover um bom tratamento aos pacientes. Então, surgiu a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH).
Por meio do CCIH, as instituições começaram a colocar em prática as ações do Programa de Controle de Infecção Hospitalar (PCIH). Ou seja, medidas criadas com o objetivo de reduzir ao máximo os casos e a gravidade das infecções.
Para executar essas medidas, o CCIH precisa manter os casos de infecção dentro do que é aceito pelo Ministério da Saúde. Além disso, ele deve seguir as normas e as diretrizes impostas pela Vigilância Sanitária.
Para compor o núcleo do CCIH é necessário que o profissional tenha nível superior e atue na área da saúde. A comissão é responsável pela elaboração, execução e avaliação das práticas para controle de infecção hospitalar.
A seguir, vamos conhecer quais as boas práticas que os hospitais devem adotar para manter os pacientes seguros.
1 – Utilizar equipamentos de proteção para o controle de infecção hospitalar
Um dos maiores riscos presentes em hospitais é o de contaminação. Afinal, os profissionais estão em constante contato com fluidos corporais, produtos químicos e têm contato direto com pacientes infectados.
Por isso, ao manusear esses produtos, realizar algum procedimento ou visitar os pacientes, é necessário que os profissionais utilizem os EPI’s (Equipamentos de Proteção Individual) como:
- Aventais: O avental deve ser utilizado para evitar o contato com respingos e outras substâncias contaminadas. É recomendado o descarte imediato após o uso;
- Toucas: A touca deve ser utilizada como proteção aos componentes infecciosos e ela também protege contra a queda de cabelos durante a execução dos procedimentos. Assim como os demais, ela deve ser descartada após o uso;
- Máscaras: As máscaras devem ser utilizadas nas mesmas ocasiões em que a luva e devem ser descartadas após o uso;
- Luvas: deve ser utilizada quando alguém entrar em contato com o paciente infectado, durante procedimentos gerais ou em procedimentos cirúrgicos. Após o uso, o descarte deve ser imediato;
- Óculos de proteção: Os óculos são utilizados para proteger os olhos de secreções durante os procedimentos. Após a utilização, o equipamento deve ser devidamente higienizado e esterilizado.
Os EPI´s são fundamentais para os profissionais que atuam em hospitais, principalmente, em período de pandemia. Pois, esses equipamentos criam uma barreira de segurança e evitam que a doença se espalhe.
2 – Utilizar materiais descartáveis
Os materiais descartáveis auxiliam o controle da infecção hospitalar, pois reduzem o risco de contaminação, evitam a propagação de bactérias e promovem a segurança dos profissionais.
Os materiais descartáveis mais utilizados são:
- Luvas;
- Gases;
- Algodão;
- Seringas.
Porém, é importante que as instituições façam o descarte correto desses materiais. Por isso, deve ser feita a separação dos materiais contaminantes, perfurocortantes, resíduos hospitalares e o lixo comum.
3 – Realizar a correta higiene das mãos
O profissional da saúde está em constante contato com superfícies contaminadas e esse contato pode representar um risco de contaminação para os pacientes.
Portanto, é importante que seja feita a higienização das mãos várias vezes ao dia. Pois, isso reduz o nível de infecções e de doenças.
Além disso, também é importante utilizar o álcool em gel, para reduzir o número de microrganismos presentes nas mãos.
Tendo isso em vista, o CCIH é responsável por realizar cursos de reciclagem e orientação sobre a lavagem correta das mãos para os profissionais dos hospitais.
4 – Esterilizar os equipamentos
Os materiais não descartáveis, como equipamentos cirúrgicos e aparelhos, devem ser esterilizados antes de serem utilizados.
Para fazer a esterilização, os hospitais podem contar com áreas especializadas nesse procedimento, a fim de extinguir a existência de vírus, fungos e bactérias.
5 – Desenvolva medidas de higiene para o hospital
O CCIH deve instruir todos os profissionais da saúde sobre as principais práticas de higiene e manutenção do ambiente hospitalar.
Para isso, é importante estabelecer medidas de limpeza e criar informativos sobre os riscos de infecções e cuidados com o ambiente.
Também é importante monitorar se os procedimentos estão sendo seguidos pelos colaboradores.
Por isso, é necessário realizar workshops e eventos que reforcem e lembrem a equipe sobre a importância da higiene.
6 – Acompanhe e avalie as práticas para controle de infecção hospitalar
Além de colocar em prática as medidas mencionadas acima, é necessário acompanhar e avaliar as ações que estão sendo adotadas.
Ou seja, os gestores precisam identificar se elas estão trazendo resultados para os hospitais.
Para fazer esse acompanhamento, os líderes podem utilizar softwares de gestão da área de saúde. Através dessas ferramentas, é possível ter acesso a dados que vão auxiliar a gestão e o processo de tomada de decisão.
Além disso, esses dados ajudam a saber qual a situação do hospital, identificar áreas que estejam com problema e desenvolver soluções.
A Importância da Equipe de Enfermagem na Prevenção da IRAS
A equipe de enfermagem possui um papel importante dentro dos hospitais e no atendimento aos pacientes.
Segundo a teoria ambientalista desenvolvida por Florence Nightingale, as condições do ambiente determinam o processo de saúde do paciente.
Ou seja, o ambiente influencia na recuperação dos pacientes, levando em consideração fatores como ventilação, iluminação, limpeza, ruídos, entre outros.
Assim, os profissionais de enfermagem possuem papel fundamental no controle e prevenção de IRAS, pois são eles que buscam informações sobre casos de infecções dentro da unidade de saúde.
Esses profissionais também podem sugerir novos métodos que devem ser adotados a fim de evitar novos casos de infecção.
Dessa forma, o enfermeiro consegue garantir a qualidade do atendimento prestado aos pacientes e garante a saúde dos indivíduos.
Dados brasileiros que revelam a importância do controle de infecção hospitalar
Segundo o Ministério da Saúde, estima-se que as infecções hospitalares representam 14% das internações que ocorrem nos hospitais brasileiros.
Além disso, um estudo desenvolvido pela OMS, diz que o maior índice de infecções ocorre nas unidades de tratamento intensiva (UTI), em enfermaria cirúrgicas e em salas ortopédicas.
A sepse é responsável por 240 mil mortes todos os anos, em decorrência de um conjunto de sintomas graves apresentados após uma infecção, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Pesquisas também mostram que, os hospitais e profissionais que sabem os problemas que a IRAS causa aos pacientes e fazem o controle da infecção hospitalar, reduzem em mais de 70% os casos de contaminação.
De acordo com a organização mundial da saúde, ao lavar as mãos, cai para 40% o risco de contrair alguma doença como diarreia, conjuntivite e outras infecções.
Ou seja, os casos de IRAS no Brasil ainda são muito altos e atingem muitas pessoas, por isso, é fundamental que as unidades de saúde orientem os profissionais e os pacientes a adotarem medidas a fim de prevenir as infecções.
Além disso, os gestores devem avaliar se os procedimentos estão sendo seguidos e verificar se o hospital fornece as condições adequadas para os profissionais de saúde trabalharem.
Isso inclui, fazer o descarte adequado dos materiais, ter equipamentos de proteção disponíveis para os colaboradores, entre outros.
Considerações finais
Diante da leitura deste artigo, foi possível entender o que é o controle de infecção hospitalar, qual a importância dela para a segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde e qual o papel da enfermagem nesse processo dentro dos hospitais.
As infecções hospitalares ainda são muito comuns e trazem muitas consequências negativas para os pacientes e seus familiares.
Em alguns casos, o paciente deve ficar internado por mais alguns dias, gerando mais despesas para os hospitais e para os próprios clientes.
Todavia, o pior cenário é quando um paciente vem a óbito devido a IRAS. Pois isso compromete a imagem da instituição e coloca em risco a sua credibilidade.
Já, em algumas situações, o hospital precisa responder judicialmente pelo ocorrido e tem que pagar indenização à família do paciente.
Por isso, é fundamental que as instituições desenvolvam medidas para controlar a infecção hospitalar e instruam os profissionais para seguirem as normas estabelecidas.
Assim, os hospitais reduzem o risco de infecção e conseguem garantir a segurança dos pacientes e dos colaboradores.
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