O médico veterinário, assim como qualquer outro profissional de saúde, tem o dever de garantir que as boas práticas sejam implementadas para proteger a si, sua equipe/colegas, seus pacientes, clientes e a comunidade. Uma das formas de proteção é através da biossegurança na veterinária.

Ao realizar qualquer trabalho ou prestar serviço médico-veterinário, existem muitas técnicas, procedimentos e equipamentos para proteger ou eliminar riscos à segurança e saúde dos trabalhadores. Estes são chamados de biossegurança.

Quando colocada em prática, auxilia no diagnóstico de possíveis riscos em diferentes ambientes e orienta os profissionais sobre como reconhecê-los e evitá-los.

Um sólido programa de biossegurança é baseado em informações científicas, leis e regulamentos.

Continue lendo esse artigo e confira mais sobre a biossegurança na Medicina Veterinária!

 

Qual a importância da biossegurança na veterinária?

Medidas de biossegurança ajudam a determinar potenciais riscos em diferentes ambientes e permitem decidir como evitá-los. Para isso, três princípios precisam ser considerados:

biossegurança na veterinária

A biossegurança preconiza técnicas e práticas para serem aplicadas aos laboratórios e instalações clínicas e cirúrgicas. Essas práticas são essenciais em qualquer área da saúde, desde o ensino, pesquisa e às mais diferentes práticas laborais.

As ações incluem o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI), sendo qualquer item usado pelo trabalhador para proteger sua saúde e integridade física, tais como: luvas, máscaras, gorros, aventais, óculos de proteção, sapatos fechados e vestimentas descartáveis, por exemplo.

Mas não é só sobre EPI que você encontra nos manuais de biossegurança. Há também uma série de orientações sobre a estrutura física dos ambientes de trabalho.

Outra contribuição importante da biossegurança é a determinação de como descartar os Resíduos de Serviço de Saúde (RSS), altamente prejudiciais para a saúde da sociedade, animais e meio ambiente,

prevenção de riscos e acidentes ocupacionais, visando a saúde e segurança do trabalhador, é o principal ponto de atuação da biossegurança na Medicina Veterinária. O princípio inerente é a responsabilidade, pois todos se beneficiam.

 

Quais os fatores de biossegurança dentro de uma clínica ou hospital veterinários?

As clínicas e hospitais precisam tomar precauções especiais para garantir a segurança de seus clientes, pacientes e colaboradores. Os fatores mais importantes de biossegurança na veterinária são:

 

1 – Lavagem das mãos como medida de biossegurança na veterinária

Lave sempre as mãos antes e depois de cada tarefa ou do contato com cada paciente, mesmo com o uso de luvas. Ensaboe todos os dedos, esfregue entre eles, nas costas das mãos e os pulsos. Evite tocar na torneira após a lavagem e use uma toalha de papel. Por norma é obrigatório a afixação de POPs em cada pia.

 

2 – Uso de EPI’S e EPC’S

Equipamentos de segurança, proteção individual e coletiva são essenciais para prevenção e contenção de acidentes e contaminações.

 

3 – Imunização

Os profissionais de saúde têm contato direto com muitos patógenos, portanto, veterinários devem estar em dia com suas vacinas. Existem vários imunizantes necessários, entre eles: hepatite A e B, tétano, difteria, coqueluche, varicela, influenza, meningite C, sarampo, caxumba, rubéola, raiva e SarsCov-2.

 

4 – Cuidados após exposição a materiais biológicos e acidentes

A melhor forma de evitar acidentes é seguir as normas de biossegurança. Ao se trabalhar com qualquer item que tenha sangue ou outros fluidos corporais potencialmente contaminados/infectados, existe o risco de absorção de patógenos.

Imediatamente após um acidente, deve ser realizada avaliação baseada no histórico do paciente, local onde ocorreu, análise de risco, notificação do acidente e cuidados com o espaço exposto ao material biológico. Conforme necessário, inicie o tratamento ou profilaxia pós-exposição.

É fundamental que os acidentes de trabalho sejam comunicados à Previdência Social até um dia útil após o ocorrido.

 

5 – Gerenciamento de resíduos sólidos

Cada tipo de Resíduo de Serviço de Saúde (RSS) deve seguir um fluxo específico de manuseio e descarte. Esse processo vai do acondicionamento, passa pelo transporte, até a chegada ao destino, o que inclui cadáveres e suas partes.

Diferentes estados ou municípios, além de entidades nacionais, têm suas próprias leis e regulamentos sobre o manejo dos resíduos produzidos pelos serviços de saúde.

 

Quais os cuidados básicos de biossegurança na veterinária dentro de uma clínica ou hospital?

Organizar o ambiente antes de iniciar o serviço é fundamental para a biossegurança. A preparação do local evitará que a mão já enluvada entre em contato com ferramentas e materiais, por exemplo.

Os microrganismos podem ser facilmente transferidos de superfícies tocadas com frequência, como recipientes de gaze, algodão e maçanetas, para o nariz, olhos, boca e outras partes do corpo.

A limpeza e desinfecção de instrumentos e ambientes, em geral, é importante para evitar infecções acidentais. Reduzir a contaminação cruzada e a disseminação de doenças é extremamente importante, e os procedimentos alertam sobre isso.

Desta forma, como medidas de biossegurança, um centro veterinário deve:

  • Preservar o instrumental e equipamentos;
  • Limpar, higienizar e esterilizar corretamente os instrumentos;
  • Classificar os artigos (críticos, semicríticos, não críticos);
  • Manter indicadores de esterilização através de métodos mecânicos, químicos e biológicos;
  • Realizar constante descontaminação com o uso de agentes químicos em todas as superfícies, pisos ou equipamentos
  • Realizar o armazenamento em condições adequadas que mantenham a esterilidade do material.

 

Quais são os riscos ocupacionais no ambiente clínico veterinário?

As doenças ocupacionais têm ganhado mais visibilidade e muitas empresas tomaram medidas para reduzir o risco implementando mecanismos de proteção.

Cada área de atuação do médico veterinário pode indicar diferentes categorias de riscos. De modo geral, eles podem ser:

  • Físicos: ausência de estrutura de trabalho que causam exposições à radiação, temperatura, ruídos;
  • Químicos: exposição e manipulação de medicamentos e substâncias tóxicas;
  • Biológicos: contato com fluidos e agentes orgânicos, infecciosos e zoonóticos;
  • Ergonômicos: danos posturais e distúrbios musculoesqueléticos por lesões de trabalho;
  • Mecânicos: riscos por contato e contenção de animais, ou uso inadequado de ferramentas, equipamentos ou maquinários;
  • Elétricos: manipulação de equipamentos elétricos que gerem choques ou queimaduras;
  • Psicossociais: desenvolvimento de doenças e transtornos psicológicos por questões ligadas ao trabalho.

Além desses riscos, os veterinários estão essencialmente expostos a doenças zoonóticas. Por isso, a imunização é fundamental para evitar o adoecimento.

As principais estratégias de biossegurança na veterinária focam em prevenir exposições a agentes biológicos e químicos que possam causar infecção, reduzir os riscos mecânicos e físicos e imunizar os trabalhadores.

A redução da exposição a riscos no ambiente ocupacional requer uma combinação de procedimentos padronizados, mudanças na prática de trabalho, uso de diferentes recursos tecnológicos e educação permanente.

 

Como deve ser realizada a limpeza das bancadas e materiais utilizados na clínica para a promover a biossegurança na veterinária?

A limpeza e desinfecção de superfícies e materiais são fundamentais para a biossegurança. E para melhor compreensão, são duas categorias de superfícies:

  • Superfície de contato clínicoentra em contato com os pacientes, possui alto grau de contaminaçãodireta ou cruzada;
  • Superfície doméstica: por não entrar em contato direto com pacientes, profissionais ou instrumentos, tende a ter menor risco de contaminação.

Para desinfetar as bancadas, limpe com água e sabão e, em seguida, passe um pano ou algodão com álcool 70%. O líquido deve ser aplicado, esfregado e deixado secar. Esse último procedimento exige um total de três repetições para completar o tempo de 10 minutos de exposição ao álcool.

O desinfetante hipoclorito de sódio 1%, usado com frequência, é muito eficaz contra bactérias, fungos e vírus. É usado para limpar e desinfetar objetos e superfícies, bem como os recipientes em que os materiais são descartados.

 

Algumas medidas de biossegurança em Medicina Veterinária em relação aos materiais que podem ser reprocessados.

Os cuidados com instrumentos e equipamentos requerem as seguintes etapas:

CCIH

Considerações finais

Boas medidas de biossegurança podem ser implementadas em todos os ambientes veterinários, seja no manuseio adequado dos resíduos ou nas práticas laboratoriais.

Por isso, identifique, analise os riscos e crie um plano de proteção e prevenção. Todos se beneficiam da biossegurança: o meio ambiente, a sociedade, os pacientes e você.

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Revisão Científica:

Prof. Dr. Marco Antonio Gioso

CRMV-SP: 5642

Professor livre-docente da Universidade de São Paulo.

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Um comentário

  1. […] vestimenta cirúrgica também é essencial para a biossegurança, pois evita a transmissão de doenças entre animais e humanos, já que algumas zoonoses são […]

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